domingo, 4 de março de 2012

Google usa "não rastrear" para coletar mais dados de usuários

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Google usa "não rastrear" para coletar mais dados de usuários
01 de março de 2012 • 08h10 • atualizado às 08h33
 
 
 
[Política de privacidade unificada para mais de 70 serviços começa a
valer nesta quinta-feira, 1° de março. Foto: AFP]
 
 
 
 
 
 
 

Rafael Maia
 
Em janeiro de 2012, o Google anunciou que iria consolidar as mais de 70
políticas de privacidade distintas que regulavam todos os produtos da
companhia em uma única, que passará a ser válida em 1º de março de 2012.
A gigante das buscas justifica que a decisão vai ao encontro do pedido
dos países de tornar as regras mais claras e, é claro, mais curtas. No
entanto, o que se pode ler, nas entrelinhas do CEO Larry Page, é que o
Google está dando um passo para trás para, na verdade, dar dois para
frente.
 
A medida mais evidente é a criação de um botão "DNT" ( Do not track , em
português, "não rastrear"). Por meio dele, o usuário poderá definir a
permissão para o Google sobre coletar e utilizar os dados do usuário
para levantamentos, medidas de comportamento e diretrizes comerciais. É
um avanço em favor da privacidade do internauta na rede. O que está por
trás disso, porém, é que, uma vez que o botão "DNT" não for marcado, o
gigante poderá fazer muito mais com os dados coletados.
 
A nova política de privacidade não permite que o Google retire, dos
perfis do usuário, mais informações do que já são tiradas atualmente. O
que muda é a finalidade dada a elas. A partir deste 1º de março, o
gigante poderá fundir dados de modo mais profundo e desenhar cenários
mais complexos para servir de base - e de alvo comercial - para diversos
produtos da companhia ao mesmo tempo. Os dados da conta do Google, rede
social do Google, poderão ser fundidos com os da conta do Gmail, serviço
de email da empresa, por exemplo, para estratificar de modo mais
elaborado quem é o usuário na rede.
 
As mudanças não serão perceptíveis pelos usuários e não devem
influenciar no dia a dia deles na utilização dos produtos da empresa,
como o buscador, o Gmail, o Google e o YouTube, por exemplo. Até porque
tudo o que o Google irá fazer com os dados, ele já poderia ter feito com
ou sem o consentimento do usuário em qualquer época. A diferença é que,
até então, os dados eram "ilhas isoladas" e o que um internauta faria no
blog em uma conta do Blogger não tinha relação com o vídeo a que ele
assistia no YouTube, por exemplo.
 
O ganho da companhia é comercial, a longo prazo. Anúncios com alvo mais
claro podem se tornar mais eficazes. Se alguém posta fotos de um
determinado local de viagem na rede social, por exemplo, publicidade
relacionada a este local pode aparecer na página do YouTube, ou no
próprio buscador da empresa. O efeito da nova política, para o usuário,
é ter produtos que, embora tenham sido desenvolvidos para o consumo em
massa, devem ser cada vez mais personalizados.
 
Há um ano, em janeiro de 2011, Larry Page, que é um dos fundadores do
Google, assumiu o cargo de CEO - aquele que executa as medidas - no
lugar de Eric Schmidt com o objetivo de fortalecer a companhia como
desenvolvedora forte de produtos, e não somente de soluções. A criação
do Google e o fôlego que ele ganhou, embora ainda pequeno perto do
monstro chamado Facebook, são evidências disso. Unificar todos os
produtos do Google é transformar a política de privacidade em moeda de
venda. E, de venda e de produto, Larry Page entende.

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